Fazer mal é preferível a não fazer nada?
Há quem diga com toda a convicção, que apesar deste modelo de avaliação de professores que está a ser imposto pelo ME, ter muitos defeitos, é preferível a não fazer nada. Que é melhor ter um mau sistema que não ter nenhum.
Será????
Classificar MAL um professor é melhor que não o classificar???
Vejamos a situação duma pessoa que dedicou toda a sua vida ao ensino, com entusiasmo e devoção, que é professor porque gosta de ENSINAR, que consegue que os seus alunos entrem e sejam bem sucedidos em boas universidades e ao fim de 35 anos de carreira se vê ultrapassado, na passagem a titular, por um estreante que até nem gosta muito de ensinar, mas o que gosta mesmo é de mandar nos outros e por isso aceitou uns cargozitos de gestão na escola. É este estreante um paradigma de bom professor??? É melhor que o outro, que nos últimos 7 anos privilegiou o Ensino aos cargos de gestão?
Não é!!!
Da mesma maneira, também é errado dar uma classificação de Excelente a um mau professor. Se ele comprar o portefólio (vendem-se no Chile), se tiver muita paciência para preencher as montanhas de papeladas, se ele não ensinar nada mas inflacionar as notas que dá aos alunos, pode ficar com uma boa classificação e ser um péssimo professor.
Nem sempre fazer alguma coisa (mesmo mal) é preferível a não fazer nada.
Vejamos alguns exemplos:
Um batom mal desenhado é preferível a nenhum batom???
Um eyeliner grotesco é preferível a nenhum?
Um mau trabalho na prótese dentária é preferível a nenhum?
Um penteado estapafúrdio é preferível a nenhum?
Um mau trabalho na lavandaria (por mais nódoas do que as que tira) é preferível a nenhum?
Um mau trabalho de cirurgia estética é preferível a nenhum?
Há mais modelos de avaliação, além deste, importado do Chile.
Não é verdade que não querer este, equivale a não querer nenhum.
Nem é preciso inventar nada. Há os modelos usados aqui na Europa. Veja-se como é a avaliação na Finlândia, por exemplo. Na Bélgica, em França, etc...
Não defendo que o bom é "não fazer nada". Defendo que se deve procurar COM CALMA, com a colaboração dos interessados, sensatamente, ouvindo todos, sobretudo os que estão no terreno e aqueles que nos outros países já passaram pelo mesmo, construir um modelo bem pensado e exequível, que privilegie a missão fundamentar dum professor: ENSINAR, já que se apregoa que se está a fazer isto tudo a bem do ensino. Estará?
Este governo passará, mas a escola pública, os alunos e os professores ficarão.
Por favor, não destruam tudo à vossa passagem!
Esqueçam os resultados imediatos, as estatísticas, as eleições de 2009.
Pensem antes em deixar as sementes para construir um futuro melhor, mesmo que esses frutos demorem mais um pouco.
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