Hoje vi o filme “Callas, a diva” e fiquei a pensar no que pode acontecer a uma mulher de 53 anos... Apesar de todo o sucesso que teve, ela quase não conseguiu ultrapassar a dor dum amor falhado. Ela sabia que o Onassis não prestava, mas não conseguia esquecê-lo, apesar de ele já ter morrido, apesar de ele a ter trocado pela Kennedy. Tudo isso a juntar-se ao declíneo da sua voz e da sua carreira, tiraram-lhe o gosto de viver. Enclausurou-se, abandonou os amigos, ... deixou de acreditar em sonhos, quanto mais concretizá-los. Apetecia-lhe deixar-se morrer sozinha.
A propósito disto, vale a pena ler “A pluma caprichosa” da Clara Ferreira Alves, na “Única” do “Expresso” desta semana. Diz ela:
“... a crise económica, a recessão, a depressão, ... atinge mais as mulheres. ... tira-lhes o emprego, o aumento... É mais fácil e mais barato despedir mulheres, e as mulheres são o elo mais fraco, como dizia aquele concurso de televisão que era apresentado por mulheres. A partir de certa idade, muitas mulheres são dispensáveis, pelos maridos, pelos patrões, pelos filhos. ... o país de século XXI não sabe o que fazer com elas... um pouco como os maridos não sabem o que fazer com elas quando arranjam uma mulher mais nova, ou mais bonita, ou mais esperta, ou mais rica. Ou nenhuma destas coisas, quando arranjam simplesmente outra mulher....”
Obviamente que isto não é regra universal. Também há homens abandonados pelas mulheres e homens deprimidos pelo declínio da sua carreira.
Por isso, aquelas palavras de "Holocénico" e de "Um pouco mais de azul", a propósito da coragem e da força para concretizar os sonhos é fundamental. É importante libertarmo-nos dos sonhos vagos, longínquos, difíceis de atingir, que servem de desculpa para ficarmos imóveis. É necessário encontrar força para agir, reconhecer à memória e ao passado o seu papel na construção de um futuro com esperança, mas seguir em frente e viver.
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