Gestão diferenciada do tempo lectivo em função da investigação
do jornal Público de 20.Abril.2006
(...) o Ministério da Ciência, da Tecnologia e do Ensino Superior fala na contratualização com universidades e politécnicos de algumas orientações, que passam pelo aumento da parcela de esforço dedicado pelos docentes à investigação, assim como pela gestão diferenciada do tempo lectivo de cada docente em função da sua actividade de investigação.O documento inclui também a revisão do número de horas de aulas dos alunos e a maior integração de estudantes de licenciatura e mestrado como jovens investigadores em projectos de investigação. O PÚBLICO contactou docentes investigadores para perceber o que pensam sobre estas medidas. Parece ser consensual que se faça a gestão diferenciada do tempo lectivo em função da actividade de investigação. "É necessário que a gestão diferenciada tenha em conta o acompanhamento tutorial dos alunos, assim como a coordenação e gestão de projectos de investigação. Se for apenas feita em termos do número de publicações produzidas é redutor", argumenta João Gonçalves, biólogo da Universidade dos Açores. "Tem que haver apoio a nível administrativo e de secretariado à gestão e coordenação de projectos. Estas tarefas consomem muito tempo aos investigadores", afirma Jorge Buescu, matemático do Instituto Superior Técnico. "A carga de docência é mais elevada e com menos condições no ensino politécnico do que no universitário. No entanto, esta contratualização vai dar oportunidade de compensar esforço de investigação com redução da carga lectiva", salienta Joaquim Sande Silva (...) há um número excessivo de horas de aulas dos alunos e, portanto, de docência. Há que contratualizar a possibilidade de haver docentes que, num determinado período, possam ter mais ou menos tempo de aulas, não querendo isto dizer que passem a dedicar menos tempo aos estudantes (...)
"A investigação é produção de conhecimento novo. Os alunos de licenciatura ainda estão a aprender coisas novas por si próprios. Pôr alunos de licenciatura em projectos de investigação, salvo raras excepções da ciência experimental, é utopia, pois um aluno de doutoramento é que estará habilitado a desenvolver investigação. Pode-se é fazer iniciação à investigação, e ensinar as ferramentas para a fazer" é a opinião de Jorge Buescu.
"Fazer investigação no 1.º ciclo implica tarefas muito específicas e que se façam em três meses. Isto poderá acontecer nas áreas tecnológicas, mas por exemplo em ecologia será muito difícil" diz João Gonçalves.
Etiquetas: Ensino
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