O susto que eu hoje apanhei!
Ontem o correio deixou-me um aviso para levantar uma carta registada, cuja proveniência estava ilegível. Não pensei mais no caso. Devia ser uma pequena encomenda feita há uns tempos... Hoje cedo, 9h, já estava no correio. Nada feito! Tinha-me esquecido de reparar que o levantamento só se podia fazer a partir das 11h. Entretanto a funcionária conseguiu identificar a origem da carta, do tribunal. Claro que a minha inquietação se tornou galopante. Que seria? Vou ter de incomodar o meu amigo advogado? Passei em revista todas as hipóteses. Nada me pesava na consciência... Falei de mais nos blogs?...Temos assistido a prisões preventivas, por muito tempo, de pessoas que afinal estavam inocentes... Eles querem, à força, apresentar serviço... O delito de opinião voltou a ser punido... Com certeza não seria nada a meu favor... Talvez umas multitas de trânsito, que eu olimpicamente ignorei...uns estacionamentos no passeio...A mais recente queixa que tinha feito era pelo roubo dum telemóvel em pleno dia, na rua, enquanto falava por ele... mas isso já foi há quase 1 ano, e já fui chamada para me informarem que tinham um suspeito e se eu o identificava.... Não, não o podia identificar, pois o ladrão apareceu-me de trás, arrancou-me o telemóvel de junto da minha orelha e fugiu. Eu só o vi de costas e ainda tive de apanhar os óculos que ele fez cair. Claro que eu já tinha esquecido o incidente. Não era de esperar reaver o telemóvel. Assunto arrumado! Fui para o ginásio, mentalizando-me a desembolsar uma boa maquia pelas multas que ignorei...Fiz o meu “total condicionamento”, como planeado... OK! Não me vou aborrecer. Será talvez o equivalente a uns tratamentos que eu poderia dar-me ao luxo de fazer e que assim não farei... uns cremesitos a menos.. no big problem. Enchi-me de paciência e fui novamente para o correio. Como já sabia com o que contar, levei os testes para corrigir. Uma hora, foi o que tive de esperar! Felizmente que a aproveitei. A carta vinha registada e com aviso de recepção, tive de assinar 2 documentos para a levantar, era do Ministério Público, Distrito Judicial de Lisboa, Departamento de Investigação e Acção Penal. .. Eu sentei-me e tremia por todos os lados. Não era engano, o meu nome e endereço estavam perfeitos. ... “Nota de comunicação” ... “...de que por despacho do Digno Magistrado do Ministério Público de 30/09/2004, foi proferido despacho de acusação...” Resumindo, afinal eles só me queriam informar que tinham identificado um arguido, (do qual me enviaram o nome – para quê?) que disse ter comprado o meu telemóvel na feira da ladra. E por o ter comprado por menos de metade do seu valor, sem instruções, nem bateria, “contribuiu para dissimular a anterior aquisição ilícita e, simultaneamente, obter uma vantagem patrimonial ... deste modo praticou um crime de receptação pp pelo art. 231º -1 do C. Penal.”... “porque o arguido se encontra sujeito a t. i r nada mais se requer” . Não sei o que quer dizer “t. i r” . Só sei que perdi um tempo enorme em queixas, prestação de declarações e notificações. Para nada! O tribunal deve ter ocupado muitos funcionários, tempo e meios com este caso, para nada!
Moral da história: nestes casos, perde-se menos se não fizer queixa.
Esta máquina infernal da Justiça, consome energias a muita gente, inutilmente.
Agora percebo um pouco as declarações de ontem, do Ministro Bagão Félix, sobre funcionários públicos a mais...
Realmente, para se entreterem com estas tarefas inúteis, talvez fosse mais proveitoso se ficassem em casa a ver televisão.
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