Algumas boas notícias
Esta semana foi pródiga em boas notícias. Ainda não apareceu a solução para todos os problemas, mas pelo menos já se caminha num bom sentido.
A notícia da criação do Ano Zero.
Tem sido uma batalha dos últimos anos, pelo menos em muitas das escolas de engenharia, que conheço. Face à dificuldade de integração dos novos alunos e ao elevado número de reprovações nas cadeiras de matemática, foram feitos testes aos alunos recem chegados sobre matérias do ensino secundário. E os resultados ainda foram piores do que se esperava. As lacunas são enormes. Matéria que os professores das cadeiras dos primeiros anos consideravam ser elementar e estar compreendida, afinal não estava. Daí o fraco desempenho nas cadeiras dos primeiros anos. Assim, a única solução disponível para as escolas de ensino superior era “dar” a formação que faltava. Foram criados grupos de trabalho, por iniciativa do Ministério, mas quando o grupo chegou à conclusão que era necessário fornecer a alguns alunos, a formação de que eles necessitavam para “entrar” nas matérias do 1º ano da faculdade, caíu tudo por terra, pois essa medida implicava um aumento de custos e grandes dificuldades de organização. Vejo agora com satisfação que o assunto não foi esquecido. É claro que seria muito melhor que não fosse necessário criar um Ano Zero. Mas isso obrigaria a grandes alterações no ensino secundário e não está nas mãos dos docentes do superior operar nesse território.
A cultura anti-matemática vem de longe e é propagada nos meios de comunicação. É urgente começar a desmistificar. Como? Não sei. Desde pequenino, no 1º ciclo, pode-se incutir o gosto pelo raciocínio matemático. Depende não só de factores genéticos, mas também do papel dos pais e dos professores. É como gostar e aprender a nadar. Há pais que, às vezes sem querer, incutem nos filhos medo do mar. Talvez pais e professores que nunca entenderam muito bem e detestam a matemática, passem, sem querer essa maneira de ser aos filhos. Os que gostam e estão à vontade, sabem transmitir a ideia de que é como um jogo, que é divertido, que é um desafio, que sabe bem descobrir a solução. Daí, que também é uma boa notícia que o Governo vai lançar um programa de acompanhamento e formação contínua em Matemática para os docentes de 1º ciclo. E que vai rever com as escolas superiores de educação as condições de acesso e de formação inicial dos professores de 1º ciclo, de modo a não serem lançados na carreira professores com negativa a matemática, uma cadeira que eles vão ter que ensinar.
Outra notícia boa foi o reconhecimento de que “Cursos de três anos não garantem formação em Engenharia” Depois de ter assistido em diversas escolas de engenharia ao estrangulamento de algumas cadeiras de matemática e física, com o argumento de que precisavam de mais horas para leccionar as tais cadeiras da especialidade indispensáveis num curso de engenharia... isto quando o curso é de cinco anos. Como será num curso de três anos?
Também a revista online e-ciência dedica hoje um número Especial à Matemática e reconhece no seu editorial que “A Matemática precisa de ser compreendida pelos jovens e não “sacudida” do seu vocabulário”. Também reconhece que “a Matemática é responsável por muitas das evoluções e inovações dos nossos dias e, como outras ciências tem acompanhado o desenvolvimento e permitido novas descobertas e investigações imprescindíveis enquanto seres humanos, através de novas experiências, novos cálculos e novos métodos”, dando como exemplo, a sua aplicação na área da saúde. Publica uma entrevista com uma Professora Auxiliar do Departamento de Matemática da FCUP, que lidera uma equipa que está a desenvolver um projecto chamado “Caracterização da Variabilidade Cardiovascular” em que aplica a matemática.
Etiquetas: Ensino Superior
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