Serendipity
Hoje resolvi ir ver a exposição do Amadeo de Souza-Cardoso na Gulbenkian.
Preparava-me para ir a uma visita guiada, às 15h. Cheguei lá pelas 14:30h, pois já sabia que havia dificuldades devido à limitação do número de visitantes.
Nada! A essa hora as inscrições para as visitas guiadas do dia todo já estavam esgotadas.
Para não perder a viagem, resolvi ir mesmo sem ser guiada. Foi necessário estar meia hora numa fila para mostrar o meu cartão de professora e me darem um papelinho a que chamam bilhete (gratuito). Não era mais simples mostrar o referido cartão à entrada?
Com o “bilhete” gratuito na mão, dirigi-me para a entrada da exposição. Havia uma fila de quilómetros! Um dos funcionários ia avisando que a fila demoraria mais de uma hora. Não quis acreditar e fui ficando. Realmente não andava. Depois iam dizendo que não se podia entrar de mala. As malas e mochilas teriam de ficar no bengaleiro. Olhei para a minha pequena carteira e pensei que nada daquilo seria comigo.
Já começava a ficar impaciente. Muitas pessoas iam desistindo. Por fim avisaram que quem quisesse, podia começar pela sala de baixo e talvez depois a fila da sala de cima estivesse melhor.
Assim fiz. Dirigi-me à entrada da sala de baixo.
Não me deixaram entrar com a minha pequenina carteira!
- Então eu vou ficar sem o telemóvel?
- Isso pode levar.
- E o porta-moedas? E os cartões?
- Pode levar.
- E os óculos para ler as legendas? E a respectiva caixa?
- Pode levar.
- E as chaves?
- Também pode levar.
- E o casaco?
- Também pode levar.
- Porquê???
Não tive outro remédio senão ir para a fila do bengaleiro, deixar lá uma carteira vazia e carregar o casaco com os bolsos cheios.
Ninguém me soube explicar a razão deste procedimento.
“Normas de segurança” ... “Exigências da seguradora” ...
Não há maneira de compreender regras tão irracionais.
Eu com a mania de querer perceber a razão de tudo! E tanta gente satisfeita com o facto de as coisas serem de determinada forma porque sim, simplesmente.
Adiante.
Vi a exposição da sala de baixo. Alguns desenhos com uma elegância de traço, um estilo tão definido, simples e ao mesmo tempo sofisticado, que realmente não conhecia dos livros.
Quando saí, a fila da sala de cima continuava enorme. Não há paciência!. Saí dali. Mais de uma hora ali especada. É um desperdício inútil do meu precioso tempo. Cruzei-me com a Maria José Morgado. Não sei se teve de passar por isto tudo.
Antes de sair, fui dar uma voltinha pela livraria.
E… encontrei um grosso livro que tem a ver com o que me preenche o pensamento e um capítulo realmente próximo dos meus assuntos e… já em casa, achei! Um corolário que responde a uma dúvida que já há alguns meses me atormentava.
Curioso isto! Saí de casa para ir ver uma exposição de pintura e chego a casa com uma dúvida de matemática resolvida!
Um caso típico de serendipismo ou serendipitia. (qual a melhor tradução de serendipity?)
Serendipity is the effect by which one accidentally discovers something fortunate, especially while looking for something else entirely. The word derives from an old Persian fairy tale …
Pérsia? … Golfo Pérsico… Calouste Gulbenkian...
Serendipity é o nome dum filme com Kate Beckinsale e John Cusack, escrito por Marc Klein e realizado por Peter Chelsom em 2001.
Serendipity é também o nome dum restaurante em Nova York.
Etiquetas: Pessoal
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