Uma estranha espécie de simpatia
Christiaan Huygens (Den Haag, 1629 – 1695) foi um matemático, astrónomo e físico holandês. Descobriu os anéis de Saturno.
Galileu foi o primeiro a observar os anéis de Saturno, mas o seu telescópio não o permitiu identificar com clareza os anéis. Huygens, com um telescópio mais poderoso pode identificar os anéis e descobrir Titã, a maior lua de Saturno e a segunda maior do sistema solar, em 1665.
Em homenagem ao seu trabalho, a sonda Cassini-Huygens foi baptizada com o seu nome. A sonda Cassini-Huygens é um projecto que envolve a ESA (agência europeia da qual Portugal faz parte) e a NASA para estudar Saturno e as suas luas através de uma missão espacial não tripulada. A nave espacial é formada por dois elementos principais: a Cassini orbiter e a sonda Huygens. Foi lançada em Outubro de 1997 e entrou na órbita de Saturno em 1 de Julho de 2004. É a primeira sonda a orbitar Saturno. Na cronologia da missão Cassini-Huygens pode ver-se que a missão ainda continua.
Huygens defendeu a teoria (criada por ele) de que a luz era uma onda e não formada por corpúsculos como dizia Newton. Perdurou por muito tempo a teoria de Newton. Porém, mais tarde, provou-se que a luz se comporta ora como onda ora como partícula.
A frase “uma estranha simpatia” foi usada por Christiaan Huygens numa carta enviada em 26 de Fevereiro de 1665 ao seu pai, Constantyn Huygens para descrever o que hoje se designa por sincronismo e que, naquele caso, consistia na tendência de dois relógios de pêndulo, montados numa mesma parede, ou suporte, ficarem com movimentos síncronos ou asíncronos, ao fim de algum tempo. Huygens, inventou os relógios de pêndulo, com o objectivo de determinar a posição dos barcos no mar, o que não teve muito êxito. Mas os relógios de pêndulo, sim.
Observou a tal estranha simpatia por puro acaso, quando estava doente na cama. Mudava os relógios de posição, afastava-os, aproximava-os, virava-os uma para o outro, ou de costas, tentando perceber o que é que fazia com que, quando relativamente perto, ao fim dum certo tempo, os dois ficassem a oscilar perfeitamente sincronizados em oposição de fase, isto é, cada um para seu lado, ou, noutros casos, sincronizados e oscilando ambos para o mesmo lado.
Hoje sabe-se que o sincronismo ocorre nos mais variados fenómenos naturais, tem sido amplamente estudado e tem inúmeras aplicações.
Qualquer que fosse a posição em que cada um dos pêndulos iniciava o movimento, eles acabavam por oscilar exactamente em direcções opostas.
Primeiro imaginou que esse estranho facto se devia a correntes de ar, que causariam uma interacção entre os dois relógios. Mas quando experimentou bloquear o fluxo de ar, os relógios continuaram a oscilar sincronizadamente … ou asincronizadamente... Posteriormente, Huygens atribuiu o estranho sincronismo à transmissão de pequenas vibrações entre os dois relógios através do seu suporte comum, ou da parede a que estavam encostados. Hoje, com instrumentos muito precisos mediram-se as forças envolvidas e esta hipótese está perfeitamente comprovada. Ler mais aqui.
Desenho original de Christiaan Huygens para ilustrar o que observou sobre sincronização.
Etiquetas: Matemática
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