Será que fora da função pública ganha mais quem é menos qualificado?
Assim se vê, mais uma vez, como a comunicação social manipula a opinião pública.
(DN de 16/03/2007)
Neste caso, o título parece querer mostrar mais um grave defeito da função pública: "as mulheres ganham mais que os homens". Só quem, como eu, fica curioso com esta afirmação, se aproxima e lê as letras pequeninas: "porque elas são mais qualificadas".
Afinal um título tão bombástico, para nada. Para nada, não! A intenção está bem à vista. Tal como no caso dos professores, a "notícia" pretende atiçar os ódios contra estas classes profissionais e assim justificar todas as medidas que têm sido tomadas no sentido de denegrir a dignidade e prejudicar economicamente estes profissionais.
Aliás, este género de atitude, subserviência dum jornal em relação ao poder dominante, é uma tradição antiga. Nada de novo, portanto.
Além disso, este título insere-se na campanha ideológica cíclica, que geralmente acontece quando o desemprego aumenta. Todos sabemos que quando os empregos escasseiam, alguém tem de ceder, então renascem as teorias de que o homem é mais capaz para trabalhar e que a mulher deve ir para casa cuidar dos filhos e coser meias. Outro sinal evidente desta "campanha" é o recente concurso "A bela e o mestre". Nele, a mulher é estereotipada como um ser inferior. É burra, inculta e incapaz de raciocinar, enquanto ao homem cabe a nobre e superior missão de a ensinar...
Ora todos sabemos também que a realidade actual é bem diferente: as mulheres nas faculdades são em maior número e começa a haver muito mais mulheres licenciadas do que homens.
O meu professor de álgebra, Prof. Almeida e Costa, da FCL, mandava as alunas para casa, coser meias…
Pois eu agora, leccionando numa escola de engenharia, arranjava facilmente, alunas e alunos protagonistas num concurso intitulado “Belas e inteligentes, versus preguiçosos e burros”.
Não me admirava nada que depois de extreminar toda a função pública, privatizar a saúde e as universidades, aparecesse uma lei que determinasse que só os homens têm direito a um emprego remunerado... estou a delirar... estarei? Com a fúria de reformar por reformar... tudo é possível.
Etiquetas: Política
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