63 por cento das mulheres que vivem na rua fugiram de situações de violência doméstica.
Esta frase aparece num artigo do jornal Público, de hoje e ficou-me a martelar na cabeça!
A pobreza aumenta em Portugal! Segundo um relatório da ONU, a pobreza ameaça um quarto da população portuguesa.
Já ontem, fui alertada para a situação de crescente pobreza que se vive em Portugal, ao ler um post dum velho amigo que não vejo há muito tempo.
Relembrei os velhos tempos da faculdade e do grupo a que pertencia na altura. Corriam os anos de 1972/73... já nessa altura discutíamos estes temas... enquanto ouvíamos o José Barata Moura (agora Reitor) a tocar guitarra. Nessa altura a culpa era do regime. Mas agora... já estamos numa democracia, a ditadura acabou. No entanto, o poder continua nas mãos dos mais poderosos. Não há mecanismos que impeçam os mais ricos de fugir aos impostos. São os trabalhadores por conta de outrem os únicos a contribuir para o orçamento do Estado. Os mais pobres não sabem e não podem reclamar a segurança social a que têm direito. Resta-lhes encolher os ombros e deixar-se ir na onda .. até à derrocada final. É a sina dos mais fracos. Tal como as mulheres, indefesas, escravas do lar, sem meios próprios de subsistência. Mesmo nas classes mais desfavorecidas, muitos homens são pequenos reizinhos. Conheço alguns rapazes/homens com quase 30 anos, já com a sua profissão e bom vencimento, que ainda exigem serem servidos por um batalhão de mulheres. Não deixam a casa materna, pois assim economizam nas despesas correntes duma casa (água, gás, electricidade, telefone, empregada doméstica, recheio do frigorífico e da despensa,...). Levam a namorada a casa da mãe e portanto não precisam duma casa própria para viverem em pleno a sua vida conjugal activa. Deixam a loiça que usam, os copos sujos, as garrafas vazias, a roupa despida, espalhada pela casa. Há as irmãs, a mãe, a avó, a madrasta, a empregada,... muitas mulheres para o servir! Se alguma destas mulheres se recusar a desempenhar o seu papel de escrava, aí começam os gritos, os maus modos, a violência doméstica.
Amor????!!!!
Who needs a heart, when a heart can be broken!
What’s love got to do with it?
A second hand emotion…
Sabe-se de muitas casas onde a violência doméstica é praticada sem testemunhas. O sistema judicial português não aceita como prova, gravações nem fotografias. Uma mulher agredida na intimidade da sua casa, mesmo que consiga vencer o pudor de se mostrar e decida ir fazer queixa à polícia, não tem o tipo de provas que a lei admite. Será interrogada na esquadra, em público, sem nenhuma privacidade... e para quê? Fica tudo na mesma! Impune! Será aconselhada pelo seu advogado a fazer um divórcio de comum acordo. Terá de engolir todas as ofensas, todos os maus tratos. Suportar todos os prejuízos financeiros e económicos! Tudo para conseguir simplesmente afastar-se do criminoso, do homem que a martirizou, que se aproveitou dos sonhos românticos dela.
What’s love got to do with it?
Sabe-se de muitas mães, ainda jovens que educam os seus filhos, rapazes, para no futuro serem maridos/companheiros déspotas, reizinhos que só sobrevivem se tiverem uma escrava mulher para o servir nas suas necessidades mais elementares.
Sobre este assunto vale a pela ler um post dum outro velho amigo.
O menino só come fruta se a mãe a descascar. Peixinho, só se não tiver nenhuma espinha. Bifinho, só se for muito tenrinho, de preferência picadinho. Nem os dentinhos se podem esforçar. Muito menos os dedinhos. Nem as mãozinhas.
A cama fica por fazer. A roupa suja misturada com a lavada. O quarto será arrumado pela mãe, que considera uma prova de amor, servir de empregada doméstica do filho. Até quando? Sempre! Por vezes isto acontece também por carências afectivas da mãe. O filho é o único homem da casa. E ela tenta tornar-se indispensável para ele. Compromete a formação dele como ser livre e independente, em favor das suas necessidades afectivas. Esquece-se que na primeira vez que seja ela a precisar de cuidados, ele só pensará em fugir dali e na melhor das hipóteses, em colocá-la num lar.
Não foi educado para olhar para os outros, a olhar pelos outros, só para ser adorado e venerado!
What’s love got to do with it?
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