Politécnico ou universidade: uma questão de nome?
Tenho a sensação que a grande razão que motiva os defensores da integração do politécnico no universitário é o facto de o politécnico não poder conferir o grau de doutor. Para muitas pessoas não é clara a diferença de conteúdo, de vocação, de missão destes dois graus de ensino. E acham que a única maneira de manter as distâncias, de fazer a diferença, é proibir pura e simplesmente os politécnicos de conceder doutoramentos.
Acontece que há politécnicos e politécnicos, assim como há universidades e universidades...
Em algumas das escolas do ensino politécnico já se atingiu um nível (número de doutorados e número de docentes envolvidos em projectos de investigação) que justifica a possibilidade de conceder o grau de doutor, noutras, nem por isso.
Haverá também universidades onde não se faz qualquer investigação. Faz-se investigação nas universidades privadas, por exemplo?
Por isso, acho que o nome não é tudo. O nome é apenas um rótulo. O que interessa é o conteúdo.
Até os gatos sabem reconhecer um rótulo falso. Vi há dias um anúncio, onde o dono dum bonito felino, tendo necessidade de o alimentar, altas horas da noite e não tendo encontrado a marca favorita do bichano, resolveu trocar o rótulo da paparoca. É claro que o bichano cheirou e notou a diferença. Não era aquela a sua marca favorita. Não era por ter o mesmo rótulo que a ia comer!
A propósito desta questão li há dias (Expresso de 22.01.2005) que enquanto muitas localidades aspiram ascender da condição de vilas à condição de cidades, outras há que preferem continuar a ser vilas. É o caso de, por exemplo, Cascais, Sintra e Oeiras, que embora cumpram todos os requisitos para ser cidades, preferem continuar com o estatuto de vilas. Porquê? Porque consciencializaram que não é o nome que determina o seu prestígio, que é apenas por aquilo que realmente são, que são conhecidas, visitadas, e reconhecidas. Não é o nome que determina a sua vontade de crescer e de se valorizarem cada vez mais. Enquanto a Caparica e a Amadora passaram a cidades, Cascais, Sintra e Oeiras continuam a ser vilas... é “melhor” ser cidade ou ser vila?
Impedir o ensino politécnico de conferir graus de doutoramento é uma frustante e injusta limitação. Não é o nome que determina a qualidade duma instituição. Deveria haver critérios mais científicos de determinar quais têm um corpo docente capaz de organizar e ministrar pós-graduações.
Etiquetas: Ensino Superior
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