O sucesso das estatísticas à custa do insucesso deste sistema de ensino
(Da revista Sábado desta semana.)
Será que esta "melhoria significativa dos resultados" (Notas negativas no teste de Matemática caem para metade no 4.º e 6.º ano) repentina e inesperada se deveu à criação de aulas suplementares para ensinarem os alunos com mais dificuldades, ou os alunos tornaram-se de repente mais inteligentes? Houve uma dedicação especial para ensinar aos alunos aquilo que lhes faltava saber?
Ou pura e simplesmente deixou de ser importante esse saber?
Aqui há uns anos foi criado na Universidade Técnica um grupo de trabalho para analisar as causas do insucesso escolar em matemática, nos primeiros anos da faculdade e propor soluções. Foi proposto que se fizessem testes aos alunos à entrada nas faculdades e que fossem criadas aulas especiais onde se pudesse leccionar as matérias onde as falhos nos conhecimentos dos alunos eram mais evidentes. Seriam criados vários grupos, organizados por tipo de matéria, em cada um dos quais, os alunos orientados por professores, trabalhariam os assuntos onde tinham mais dificuldades.
Pois o Ministério da altura, que encomendou este estudo ao grupo de trabalho que envolveu vários professores de diversas faculdades e institutos da Universidade Técnica, ao deparar-se com a despesa adicional que implicariam essas aulas suplementares, resolveu deixar tudo como estava. A menos que os professores trabalhassem muitas horas extraordinárias a leccionar matérias do ensino secundário e de graça...
Normalmente é assim que se combate o insucesso nos outos países, ensinando com um maior acompanhamento os alunos com mais dificuldades. Aqui, não. Combate-se o insucesso, passando sem saber. Muito mais barato.
É uma técnica semelhante à de acabar com as listas de espera nos centros de saúde: fecham-se os centros de saúde!
Etiquetas: Ensino, facilitismo, Matemática
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