Novas competências para os professores

A única saída é fazer justiça pelas próprias mãos.

Quem caiu na desgraça de ter escolhido a profissão de professor do ensino básico ou secundário tem de aprender karaté, judo e kickboxing. Andar com colete à prova de bala e se possível ter licença de porte de arma. Há que enfrentar a realidade em que vivemos, com lucidez e pragmatismo. Os tempos são outros. Se não forem as escolas superiores de educação a dar esta formação em técnicas de defesa pessoal, terão de ser os próprios professores a custeá-la. Quem os mandou ser idealistas, gostar de ensinar e fazer desabrochar seres humanos? Romantismos bacocos, já eram. Isso são veleidades que têm de pagar caro. É preciso ser corajoso e determinado.
Entre alunos, ministério e pais não há quem apoie a classe docente. Pelo contrário, todos os atacam. DREN, conselho de turma disciplinar, conselho executivo, Estatuto do Aluno, muita da opinião pública e tribunais são todos unânimes em absolver os criminosos e condenar a vítima: “aquela professora não tem preparação para dar aulas”.

Preparação, aqui neste contexto, não tem nada a ver com preparação científica ou académica. É sim preparação física, saber dar um bom par de murros ou pontapés naquela aluna e mandá-la sentar calada e sossegada. Cada vez mais os conhecimentos importam menos. Quer para alunos, quer para professores. É preciso reformar, evoluir. “O país precisa de reformas” – é o chavão declamado até à exaustão. Elas aí estão. Boas ou más, isso agora não interessa nada.
Os professores com mestrado e doutoramento são avaliados por outros com apenas o 12º ano. A principal missão dos docentes deixou de ser ensinar e passou a ser preencher papeis, assistir a inúmeras reuniões e exercer cargos de gestão. Esses serão os promovidos. Quanto aos alunos, basta-lhes inscreverem-se numa escola. O sistema encarrega-se de os levar ao colo até ao sucesso final garantido.

(Eu já tinha prometido a mim própria que não voltava a falar no assunto "professores", mas não consigo!)