Para onde vão os milhões que são desinvestidos na educação e na saúde?
Vive-se em todo o ensino um clima de tremendo aperto orçamental.
Veja-se, por exemplo o post "A corda na garganta".
Estão a ocorrer despedimentos e muitos outros futuros estão "acordados" entre o Ministério e os reitores, em várias universidades.
Por outro lado, os docentes são obrigados a fazer formação, faz parte das suas funções, mas têm de a custear. Não há ajudas de custos, nem verbas para viagens para congressos onde somos obrigados a ir. Faz parte das atribuições dum professor do ensino superior. Têm de contactar com investigadores da sua área para poderem confrontar resultados e avançar nos seus estudos.
Quem ficar quietinho, morre. Um docente, mesmo que tenha doutoramento, se não publicar nada nos 5 anos posteriores ao doutoramento, não tem nomeação definitiva e vai para a rua.
Nos últimos tempos, quando ainda havia verbas, muitos começaram por pagar do seu bolso, mas depois, com umas desculpas esfarrapadas de atrazo do prazo (que só foi estipulado depois) da entrega de papeis, não foram ressarcidos.
Entretanto a classe política não só continua com todos os subsídios para viagens, ajudas de custo e assessorias, como ainda tem chorudos AUMENTOS.
Veja-se a notícia, publicada por exemplo, pelo Correio da Manhã em 13/11/2007:
"A despesa prevista com as viagens e estadas dos deputados, em deslocações dentro e fora do País ao serviço da Assembleia da República, ascende, em 2008, a 3,4 milhões de euros, um aumento de 15,4 por cento face aos 2,9 milhões de euros orçamentados para este ano.
Só a rubrica ‘Estadas’ conta com uma verba superior a 1,3 milhões de euros, um acréscimo de 23,6 por cento, para satisfazer os gastos com dormidas e ajudas de custo dos parlamentares. O orçamento da Assembleia da República para 2008, ontem publicado em Diário da República, prevê uma verba de cerca de 98,9 milhões de euros para despesas correntes, um aumento de 5,86 por cento face aos 93,4 milhões de euros orçamentados para este ano. Com uma subida orçamental de 10,8 por cento, os gastos previstos com viagens e estadas dos deputados em deslocações internas e ao estrangeiro acabam por registar um crescimento muito superior ao próprio orçamento anual do Parlamento. A despesa prevista aumenta quer no que diz respeito à compra de bilhetes, quer em matéria de dormidas e de ajudas de custo: se para as ‘Estadas’ o orçamento sobe de um milhão de euros em 2007 para 1,3 milhões em 2008, as ‘Viagens’ contam com 2,1 milhões de euros, um acréscimo de 10,8 por cento face aos 1,9 milhões de euros orçamentados para este ano. Em média, nos últimos anos, os gastos com dormidas e ajudas de custo rondaram os 500 mil euros, repartidos de forma praticamente equitativa. E a verba anual para viagens no País é da ordem de cem mil euros. O reforço orçamental para viagens e estadas, em 2008, é ainda mais notório quando comparado com 2006: neste ano a despesa rondou os 2,4 milhões de euros, menos 46 por cento do que o previsto para o próximo ano. Por norma os deputados realizam um número considerável de deslocações, em serviço do Parlamento, ao estrangeiro, em particular na União Europeia. Comissões parlamentares como os Negócios Estrangeiros e os Assuntos Europeus implicam viagens frequentes a Bruxelas e outras capitais europeias. Os partidos políticos vão receber em 2008 quase 19,1 milhões de euros em subvenções do Estado , um acréscimo de 4,4 por cento face aos 15,6 milhões de euros de 2007 . Deste montante, cerca de 16,3 milhões de euros serão atribuídos às forças políticas com representação na Assembleia da República. Com 121 deputados, o PS receberá a maior verba. Os partidos vão contar também com um total de quase 2,8 milhões de euros referentes à subvenção estatal para as campanhas eleitorais. Os grupos parlamentares irão receber 823 mil euros. O PS, sendo o partido com mais deputados, terá a maior verba. Em 2008 o orçamento da rubrica ‘Transportes: deputados’, que paga as ajudas de custo nas deslocações para o Parlamento, ascende a 3,1 milhões de euros, uma redução de 14% face aos quase 3,7 milhões de euros previstos em 2007. Em 2008 a subvenção para encargos de assessoria aos deputados e outras despesas de funcionamento ascende a quase 653 mil euros, superior aos 625 mil euros atribuídos em 2007. Em 2008 os deputados deverão receber em ajudas de custo quase 3,3 milhões de euros, uma verba que representa um aumento de 5% face a 2007. 13 milhões de euros é o gasto com salários e horas extraordinárias dos 230 deputados em 2008. É um aumento de 1,6 por cento face aos 12,8 milhões previstos para 2007. O subsídio de reintegração, atribuído aos deputados quando terminam o exercício de funções de cargos políticos, conta, em 2008, com uma verba de 218 mil euros, um decréscimo de 27% face a 2007."
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